quinta-feira, 10 de setembro de 2015

[Exploring Morocco] the labyrinthine City of Fez

Ainda não tínhamos entrado na cidade velha e já fomos abordados em andamento por dois Mohameds e, cada um a seu tempo, "Portugueses?" "Tienen alojamiento?" "Ven conmigo. Te llevaré a un buen riad." Riads são habitações particulares convertidas em aconchegantes alojamentos turísticos. 
Depois de alojados, fomos jantar. Passamos a porta da medina de Fez el-Bali e, como o Ruben costuma dizer, começou o texas. Embrenhamo-nos numa feira onde se pode encontrar o ordinário e o impensável. É difícil de descrever por palavras, ou fotografias, a vida dentro da medina. Os gatos passeiam-se em frentes às montras de carne como se os cordeiros ali pendurados fossem cair a qualquer momento. As galinhas mantêm-se em fila para serem ali mesmo depenadas e vendidas logo de seguida. Os galos soltos exibem-se em frente ao que chamaríamos de restaurantes. Como no filme do Aladin, vendem-se "tâmaras e figos, tâmaras e pistaches". Assim como variadissímas especiarias das quais os comerciantes só sabem o nome em árabe. Há balcões de venda de ovos, azeitonas de todas as variedades, docinhos de mel de todas as formas, pimentos de todas as espécies. As crianças, com t-shirts da liga espanhola ou inglesa, andam numa correria, umas atrás das outras e passam o tempo a jogar ao pião. O movimento só pára para deixar passar os burros com mantas coloridas que lhes acolchoam o dorso, carregadinhos até já não poder passar pelos tetos mais baixos da medina.  






Embora a medina seja um labirinto, as personagens são sempre as mesmas. Bastou-nos 2 dias e tínhamos um conhecido em cada esquina. A grande contribuidora foi a barba do Ruben, que passou a ser chamado de Ali Baba. Na 1ª noite levaram-nos à casa do Ramza, um simpático miúdo marroquino cuja família terá convertido o terraço num restaurante. Nessa noite o Ramza serviu-nos tajines e jantamos com uma vista privilegiada sobre os curtumes e a mesquita Karaouine. Nessa mesma noite um rapaz com aspecto duvidoso enganou-nos a sair da medina; no dia seguinte, abordou-nos para pedir desculpa (mas já com os seus 2 dirhams no bolso, ou então, convertidos em haxe)!!
O dia seguinte estava reservado para passear pela medina e visitar os curtumes. Nesse dia andamos 19 km a pé, e penso que não valerá a pena dizer que em ~80% do tempo andamos perdidos. Depois de muita resistência da nossa parte, lá aceitamos a ajuda de dois rapazes que insistiam em dizer que o GPS na medina de nada nos servia (e com razão!!). Fomos atrás deles por quelhos manhosos em direcção aos curtumes. Entramos pela arrecadação de uma loja e subimos 2 ou 3 andares de escadas até chegar ao terraço onde se avistavam os curtumes. Embora a meio gás, uma vez que era 6ªf, dia de descanso, lá estavam meia dúzia de marroquinos, cada um no seu tanque colorido e mal cheiroso, a tingir as peles. Ficamos a saber que o tingimento amarelo é o mais caro pois usa açafrão e que existe uma certa rivalidade com os curtumes de Marraquexe, já que os primeiros acham que são, de longe, melhores artesãos que os segundos.






Penso que teremos ficado sentados naquele terraço a falar com os rapazes e a tomar chá de menta (ou whisky marroquino, como eles lhe chamam) por mais de 1 h. O que fumava haxe sonhava em ir para a Alemanha trabalhar, o estudante de língua espanhola queria ficar em Marrocos, ser guia oficial e casar. Uma coisa é certa, ambos partilhavam as nossas preocupações em relação ao futuro!! Já na hora de ir embora ficamos a saber que eles poderiam ir passar uma noite à cadeia se fossem apanhados a servir de guias, aqui chamados de falsos guias. Muito discretamente, metemos-lhes 15 dirhams na mão e agradecemos-lhes pelo chá e por aquela tarde bem passada.



Sem comentários:

Enviar um comentário