segunda-feira, 14 de setembro de 2015

[Exploring Morocco] ATLAS: the people and landscapes

Se houve local que considerei integralmente genuíno em Marrocos foram as aldeias em torno da grande cordilheira do Alto Atlas. Na sua maioria são aldeias de barro, organizadas em Kasbahs - construções típicas de origem berbere, quadradas e com aspecto de forte, que no seu conjunto são chamadas de Ksar. Tive a felicidade de ver, mas não de fotografar, um menino a ajudar o pai a fabricar tijolos de abobe, feitos de argila misturada com água e palha, secos ao sol, que são posteriormente utilizados nestas construções. Habitualmente encontramo-las no sopé da montanha, à beira do rio, agora secos com o calor do verão.




A primeira atracção do percurso pelo Atlas foram as Gargantas do Todra, no vale que detêm o mesmo nome. No entanto, as Gargantas nunca chegaram a ser atracção, pelo menos para mim. Não quando as paisagens que antecederam foram tão arrebatadoras que tornaram aquela passagem estreita entre montanhas de 150 m de altura um tanto insignificante. É o rio Todra, que serpenteia pelas Gargantas, que dá vida ao vale. É ele que alimenta o imenso palmeiral que ali conseguiu crescer naquela terra árida e avermelhada, que camufla os imensos Kasbahs que constituem a cidade de Tinghir.



Mais adiante entramos no oásis fértil do vale do Dadès. Era dia de entrega de gás. À porta de cada casa encontravam-se duas ou três botijas de gás e uma criança entusiasmada, à espera de dar o sinal de alarme assim que avistasse o camião do gás. O camião vinha ao estilo marroquino, atulhado de garrafas cheias de gás, prontas para rebolar ao virar de uma curva mais apertada. Mais abaixo, junto ao rio, mães e filhas ceifavam o trigo para dentro de cestas de vime que seriam posteriormente carregadas pelo burro pela encosta acima. Já uma senhora com os seus 70 anos, com a cara queimada pelo sol e as costas vergadas até à cintura, trazia ela própria o cesto de vime. A julgar pelas costas, carregou aquele cesto a vida toda.




Mais a sul, já a caminho de Marraquexe, avistamos o Ksar mais famoso de Marrocos, hoje em dia habitado por apenas 12 famílias. Paramos a moto pouco acima de Ait-Ben-Haddou, junto a um dromedário que ali descansava. Ficamos a contemplar a aldeia, assim como a paisagem vermelho-ocre que a enquadrava, durante tempo indeterminado. Agora penso, não admira que tenha sido escolhida para rodar filmes como o Gladiador e Babel. Hoje é considerada Património Mundial da UNESCO.




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